Agressão brutal, filmada por câmeras de segurança, foi motivada por uma repreensão sobre o uso de celular em sala de aula e acende o debate sobre a segurança de educadores e os limites da relação entre família e escola. (Veja o vídeo no final da matéria)
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A sala de aula, um espaço que deveria ser um santuário de aprendizado e respeito, tornou-se palco de uma violência chocante em uma escola pública do Distrito Federal. Um professor de 53 anos foi brutalmente agredido pelo pai de uma aluna, um homem de 41 anos, que invadiu a escola para "tirar satisfações" após sua filha ser repreendida pelo uso do celular durante uma aula.
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O caso, ocorrido na segunda-feira (20 de outubro), no Centro de Ensino Médio 04 do Guará I, foi registrado por câmeras de segurança. As imagens, de forte impacto, mostram o agressor, identificado como Thiago Lênin Sousa, invadindo a sala da coordenação, segurando o professor pela camisa e desferindo múltiplos socos em sua cabeça, enquanto outros funcionários tentam, sem sucesso, contê-lo.
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De forma dramática e reveladora, a violência só foi interrompida quando a própria filha do agressor interveio, aplicando um golpe "mata-leão" em seu pai para imobilizá-lo e proteger o educador.

Foto: Reprodução
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A Polícia Militar foi acionada e o agressor foi levado algemado para a delegacia, onde foi autuado em flagrante por lesão corporal, injúria e desacato. No entanto, foi liberado no mesmo dia após o pagamento de fiança.
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O professor, um profissional com 25 anos de carreira, que preferiu não se identificar, ficou com hematomas no rosto, teve seus óculos e uma corrente quebrados, e lamentou a violência sofrida por simplesmente cumprir seu dever.
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O Estopim da Violência: O Debate Sobre o Uso de Celulares na Escola
A agressão foi desencadeada por um dos temas mais controversos do ambiente escolar moderno: o uso de celulares. O professor havia chamado a atenção da aluna por utilizar o aparelho durante a aula, uma prática que, no Distrito Federal, é regulamentada por lei.
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A Lei Distrital Nº 15.100 proíbe expressamente o uso de aparelhos eletrônicos portáteis por estudantes nas salas de aula, recreios e intervalos em todas as escolas de educação básica, sejam elas públicas ou privadas.
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O principal objetivo da legislação é proteger a saúde mental, física e psíquica das crianças e adolescentes, combatendo a distração, o cyberbullying e promovendo um ambiente mais focado no aprendizado e na interação social.

Foto: Reprodução
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A lei, no entanto, não é uma proibição cega. Ela prevê exceções claras para o uso dos aparelhos, desde que com fins pedagógicos e sob a orientação de um professor, ou em situações que garantam a acessibilidade e a inclusão de alunos com necessidades especiais.
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O incidente no DF ilustra de forma trágica o conflito que surge quando as regras escolares, amparadas pela lei, colidem com a percepção de alguns pais sobre os direitos de seus filhos, transformando uma questão disciplinar em um estopim para a violência.
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A Lei Contra o Agressor: As Consequências Penais de Atacar um Professor
A agressão contra o professor não é apenas uma infração disciplinar, mas um crime previsto no Código Penal. O pai foi autuado primariamente por lesão corporal, mas a lei brasileira prevê punições mais severas quando a vítima é um servidor público no exercício de sua função.
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O Código Penal estabelece um agravante claro: a pena para o crime de lesão corporal é aumentada de um a dois terços se for praticado contra uma autoridade ou agente público, como é o caso de um professor da rede pública em seu ambiente de trabalho.

Foto: Reprodução
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Além da agressão física, o invasor também foi autuado por injúria e desacato, crimes que se somam à acusação principal e que refletem a gravidade do ataque não apenas ao indivíduo, mas à instituição de ensino e à autoridade que o professor representa.
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Este caso se insere em um cenário nacional alarmante de aumento da violência contra educadores. Agressões verbais e físicas, ameaças e intimidações têm se tornado cada vez mais comuns, levando a um quadro de adoecimento mental, burnout e abandono da profissão por parte de muitos professores.
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Mais que um Caso Isolado: O Reflexo de uma Crise de Autoridade e Respeito
A agressão no Guará I não pode ser vista como um ato isolado de um pai descontrolado. Analistas da educação apontam o incidente como um sintoma de uma crise mais profunda: a erosão da autoridade do professor e o rompimento da parceria essencial entre família e escola.
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Quando um pai se sente no direito de invadir uma escola e agredir um educador por uma questão disciplinar rotineira, evidencia-se uma falha grave na percepção do papel da escola como um espaço de formação e de regras coletivas.
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O papel da filha na contenção do pai é, talvez, o elemento mais trágico da história. A adolescente foi colocada em uma posição impossível, forçada a usar a força contra o próprio pai para defender seu professor, uma inversão de papéis que deixa traumas e expõe a disfuncionalidade da situação.
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A Secretaria de Estado de Educação do DF (SEEDF) confirmou que acionou o Batalhão Escolar para reforçar a segurança na entrada e saída dos alunos nos próximos dias e que o caso será apurado pela Corregedoria.
O episódio deixa uma cicatriz na comunidade escolar e lança um apelo urgente à sociedade. É preciso um debate sério sobre a responsabilidade parental, a valorização dos professores e a reconstrução de uma cultura de respeito mútuo.
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Enquanto o agressor responderá na Justiça, as feridas abertas por este ato de violência – no professor, na aluna e na confiança da comunidade na segurança do ambiente escolar – levarão muito mais tempo para cicatrizar. A agressão a um professor é uma agressão ao futuro de todos.
Veja o vídeo:
Vídeo: Reprodução Redes Sociais
Algumas informações: GloboNews / Carlos Bezerra Jr / CNN
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